quinta-feira, 5 de julho de 2012

ENTREVISTA DO CANDIDATO ANIVALDO VALE AO JORNAL DIÁRIO DO PARÁ: EM BUSCA DE FÔLEGO PARA CONCLUIR OBRAS



Depois de muitas idas e vindas, o vice-prefeito de Belém, Anivaldo Vale acabou sendo o escolhido pelo prefeito Duciomar Costa para ser o candidato com o apoio oficial. Vale, 67 anos, nasceu em Minas Gerais, mas fez carreira no Pará. Foi Superintende Estadual do Banco do Brasil e deputado federal por três mandatos. Na administração de Duciomar, foi um vice discreto. Apareceu pouco e não estava entre os cotados para ser candidato com apoio do partido do prefeito o PTB. Nesta entrevista cedida ao Diário, parte da série com os pré-candidatos à prefeitura da capital paraense, Vale elogiou a administração atual e garantiu que entrou na campanha para valer.

P - O seu nome foi a principal surpresa da fase pré-campanha. O senhor já esperava ser o candidato a prefeito com apoio do atual prefeito?

R - Olha, eu vejo isso com muita naturalidade porque o PTB tem o prefeito atual, o Duciomar, e o vice, que sou eu, é do PR. Seria natural que o PTB lançasse um candidato a prefeito e, certamente, o PR seria ouvido para ver se havia interesse de indicar o vice e eu poderia ser candidato à reeleição. Já esperava que, em algum momento, o Duciomar viesse conversar esse assunto comigo, mas quando ele veio, já foi para eu ser o candidato a prefeito. Para mim, o fato de eu ser o candidato aumenta a responsabilidade minha, do meu partido e também do PTB e do prefeito.

P - O senhor aceitou de imediato ser o candidato?

R - Nós tivemos uma conversa, eu pedi para refletir, para conversar com minha família, com meu partido e, dias depois, voltamos a conversar e eu aceitei.

P -O que o levou a aceitar?

R- Eu estou num processo político, sou presidente do PR, vice-prefeito da capital, junto com o Duciomar e essa parceria continua. Nós já éramos parceiros. Ele prefeito e eu vice. Agora o PR tem candidato a prefeito e o vice certamente virá do PTB.

P- Ao longo do processo de escolha do candidato, o prefeito Duciomar Costa apontou em várias direções. Primeiro, comentava-se que o candidato seria o ex-secretário de Saúde do Município, Sérgio Pimentel, depois o ex-governador Almir Gabriel. Como estão suas relações com esses ex quase candidatos do PTB?

R - A minha relação com todos eles sempre foi muito respeitosa. Com o Sérgio, a relação é mais distante, mas com o doutor Almir tive oportunidade de trabalhar quando eu era deputado federal e ele governador do Estado. Procurei ajudar o Estado e tenho com ele uma relação muito boa.

P- Como estão as suas relações com o ex-governador Almir Gabriel neste momento?

R- Excelentes. Estive com ele, fui recebido pela família. Ele promoveu uma reunião com várias lideranças amigas. Se prontificou a nos ajudar, pediu a outras lideranças que nos ajudassem. Senti no doutor Almir uma vontade muito grande de que eu seja o prefeito de Belém.

P- O senhor acha que tem alguma chance? Essa candidatura é para valer?

R- Eu tenho uma história política boa e olha, tenho esperanças de que vou vencer as eleições. Nós estamos entrando em uma disputa com vários candidatos, mas nós temos um processo político de muito trabalho e determinação e eu acredito que nós vamos ganhar a eleição, juntos.


P- O senhor é o candidato do PTB e do prefeito Duciomar Costa que teria, segundo pesquisas, altíssima rejeição. Como o senhor vai lidar com esse dado durante a campanha?

R- É natural que um prefeito que está ai há oito anos sofra um processo de rejeição. Mesmo no dia da eleição, aquele não votou nele, certamente, representa a rejeição. Mas o que nós estamos vendo é outro processo. São as frentes de trabalho que o Duciomar tem na comunidade, uma frente jamais vista na capital. Tenho absoluta certeza de que nós não vamos ser unanimidade. Vamos ter adversário.

P- O senhor acha que o prefeito Duciomar Costa fez uma boa administração?

R- Eu acho que o Duciomar assumiu num momento de agradável coincidência para o Pará e para o Brasil. Nós vivemos hoje um momento muito interessante. Os oito anos da administração do Duciomar coincidiram com o processo de consolidação da estabilização econômica, do plano real. Foi quando o governo federal começou, com sucesso, a valorizar o mercado interno e, a partir daí, vieram os programas sociais de combate à fome, à miséria. Em um segundo momento, o cidadão brasileiro passou a ter oportunidade de crédito. E o governo entendeu também que para melhorar a situação do País, precisava investir na infra-estrutura e o Duciomar, com bons projetos, levou-os ao Lula e à então ministra Dilma Rousseff e teve a felicidade de ter o apoio do governo federal para obter esses convênios que estão ai. As obras estão sendo executadas. Isso é uma realidade. Nós estamos fazendo um programa de saneamento que é o segundo maior programa, depois do que foi feito pelo doutor Almir, tirando as pessoas da lama e do barro. Eu acredito que o Duciomar foi muito feliz em ter tido a visão de apresentação de projetos e ter obtido o apoio do governo federal.


P- Mas Belém tem hoje péssimos indicadores sob qualquer aspecto que se analise. Na área do saneamento, por exemplo, foi apontada como a pior capital. Isso não vai depor contra a atual administração e, por conseqüência, tornar a sua missão de se eleger prefeito ainda mais árdua?

R- Não vejo assim. Isso ai é um passivo de mais de 20 anos. Não se investiu em saneamento em Belém. Agora, quantas ruas foram asfaltadas? Quantos quilômetros estão sendo beneficiados com rede de esgoto? Canais sendo tratados. Dez bairros de Belém sendo beneficiados. Essa questão tem que ser vista por outro lado. O Duciomar recebeu um passivo muito grande e está investindo para recuperar. E essa é uma obra que não pode ficar em quatro anos. Tem que ter continuidade. Ninguém vai recuperar esse passivo que está ai, há longos anos, de uma hora para outra.

P- Com relação à educação, nós temos um salário de professores que teve uma elevação fantástica. Tivemos escolas, inclusive de pesca. A gente avançou.

R- Eu acho que homem faz muito quando tem a compreensão de que não fez o bastante. O Duciomar tem a cara compreensão de que não fez tudo, mas avançou.

P- O atual prefeito vai deixar muitas obras inacabadas...

R- Sim. Eu vou ter a grande responsabilidade de concluir essas obras. E vou trabalhar para a conclusão delas e abrir novas frentes de trabalho.

P- Na área da gestão, a gente vê muitas ações judiciais contra o prefeito, o que dá a impressão de que há certo desmando na administração. Como o senhor avalia essas ações?

R- Toda gestão tem seus pontos fortes, seus pontos fracos na gestão. Eu particularmente acho que gerir uma cidade como Belém que teve todo esse passado de dificuldade, inclusive de aprovação de suas contas, não é uma tarefa fácil, mas acho que também não está num nível de comprometimento. O que não podemos é criar uma indústria de denuncismo. Cabe às pessoas que apresentem (as ações) e que cobrem sim. Nós estamos vivendo um momento de transparência. Temos ai uma lei de Responsabilidade Fiscal. O Brasil de hoje e o Pará de hoje são muito diferentes.


P- O senhor foi considerado um vice-prefeito muito discreto. Qual foi sua contribuição efetiva para a atual administração?

R- Eu acho que minha posição foi coerente com o que disse quando sai candidato a vice com o Duciomar. Na época, eu disse que queria ser um vice que pudesse colaborar com o prefeito. Se chamam discrição ao fato de que não busquei arrogância, a prepotência, o conflito, eu recebo isso como elogio porque eu não me presto a isso. Por outro lado, fui um parceiro do Duciomar em Brasília, em busca de recursos para Belém. Trabalhei os grandes temas. Foi aqui no hotel Hilton, em Belém, que eu e Duciomar fomos discutir com o presidente Lula e a então ministra Dilma projetos de interesse de Belém. Nós fomos uma hora da manhã levar, na base aérea, os projetos. Depois fui com o Duciomar ao Ministério dos Transportes, buscar recursos para Belém. Está ai o pórtico que foi feito com recursos do governo federal em parceria com a prefeitura. Nunca se fez uma passarela dessas em nível nacional. Vai se constituir paradigma para outros Estados, outras regiões. Fui ao Ministério do Turismo, buscando recursos para as obras da orla. Então se por um lado, não estava procurando aparecer, por outro, procurei cumprir minha função de vice de assessoramento ao prefeito na hora em que foi necessário.


P- Caso o senhor seja eleito, em que pontos, a sua administração vai se diferenciar da atual comandada pelo prefeito Duciomar?

R- Eu tenho a grande responsabilidade de concluir todos esses projetos que o Duciomar certamente não terá tempo para concluir, mas tem outros horizontes que terei que buscar. Sou uma pessoa que também vai buscar recursos para preparar Belém para os seus 400 anos. Que possamos dar um bom tratamento ao lixo que não é só responsabilidade de Belém, mas de toda a Região Metropolitana. Na área do Turismo, temos que continuar esse trabalho de abrir a orla para Belém não ficar essa cidade de costas para o rio. Temos que trabalhar a qualidade de vida, geração de emprego e renda. Essa diferença vai ser naturalmente estabelecida porque os momentos serão diferentes. Assim como nós tivemos momentos de estabilização econômica e o Duciomar Costa soube aproveitar, nós vamos continuar avançando.

P- Como é a sua relação com os governos estadual e federal?

R- Não pode confundir partido político com o governo. O governo é para todos, não é isso? Eu tenho uma relação muito respeitosa com o governador Simão Jatene e tenho absoluta certeza de que ele vai ser parceiro e tenho relações muito boas em Brasília, inclusive com a presidente Dilma que foi nossa candidata.

P- Atualmente tem havido atritos entre a bancada do PR no Congresso e o governo federal...

R- Não são conflitos que não possam ser resolvidos, discutidos. Prevalecerá o bom senso e a intenção de ajudar o País e o governo. O PR tem, dado todo apoio à presidente Dilma Roussef.


ENTREVISTA À RITA SOARES    
EM 01.07.2012
                         

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